sábado, 22 de novembro de 2008

Imigração, racismo e nação na passagem do século XIX ao XX

1º Circuito de Debates do Observatório de Pesquisa - Poder, Cultura e Contemporaneidade
Mesa: Etnicidade
* Ms. Paulo Divino da Cruz (UFMT|Cuiabá)

RESUMO


Partindo da perspectiva Pós-Colonial, analiso as influências do pensamento racista europeu e norte americano na construção do conceito de Nação, na imigração européia e as interferências destes fatores no processo de desqualificação e subalternização do negro.

Palavras Chave: Racismo, Imigração, Nação


A Perspectiva Pós-Colonial


A passagem da Monarquia para a República, a imigração européia do século XIX ao XX e a Abolição assinalam uma das mais importantes transições da História do Brasil. A partir de 1850 o processo Abolicionista ganha maior força e dimensão, também neste ano que se promulga a Lei de Terras. Neste período se registra uma expressiva entrada de imigrantes europeus na condição de substitutos da mão-de-obra escrava nos latifúndios produtores de café e, posteriormente, nas mais diversas atividades econômicas no âmbito urbano.


O impedimento do acesso à terra por parte dos ex-escravos e de colonos, a imigração e a passagem para o trabalho assalariado mudaram a base produtiva e as relações de produção, sem, no entanto interferirem na organização social de fundo da sociedade, que permaneceu oligárquica, excludente e conservadora. Essas transformações reclamaram a redefinição do conceito de Nação e o estabelecimento de um novo conjunto de prioridades que adequassem o Estado às novas exigências do momento histórico, rearticulando o papel de cada classe e/ou segmento social dentro do contexto do capitalismo nascente.


Por isso, não se trata apenas da passagem de um século ao outro, da derrocada do escravismo e emergência do trabalho assalariado, ou da substituição da Monarquia pela República. Tampouco esses movimentos podem ser compreendidos como processos independentes. Esta é a transição mais importante para a configuração do que conhecemos como Brasil moderno. Todas as heterarquias que chegam à América a partir de 1500 são atualizadas, aprofundadas, relidas e reinterpretadas neste momento histórico.


Florestan Fernandes em A Revolução Burguesa no Brasil (1979) constrói uma leitura interessantíssima sobre o período. Mas não se pode perder de vista que ele é um homem branco europeu na perspectiva ocidental européia e tende a traçar um panorama a partir deste ponto de vista. O fato é que ele faz questão de não ir além do ponto de vista da luta de classes. Assim, esta comunicação é uma tentativa de interpretação que se propõe a trocar o ponto de vista europeu/ocidental pela perspectiva subalterna, ampliando e reformulando a análise econômica de Fernandes com as heterarquias sublinhadas por Grosfoguel (2008, 2008b), destacando o papel do racismo dos séculos XIX e XX na reprodução do sistema-mundo-patriarcal-capitalista-colonial-moderno dentro do território brasileiro, na perspectiva da Colonialidade do Poder, segundo a qual o racismo ocupa o lugar central na estruturação do sistema-mundo.(...)


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